Ser Um Nome | Quando o Cuco Chama

Às vezes entusiasmo-me tanto com um livro que vejo logo o filme (ou a série) todo(a) na minha cabeça.

Quem já leu Quando o Cuco Chama talvez partilhe este meu intenso desejo de ver esta história e eventualmente as próximas adaptadas. BBC? *hint*

Se quiserem ver a minha opinião sobre o livro, aqui está ela!



E aqui está a lista de personagens, como prometido! Eu sei que é um elenco muito irrealista, mas sonhar não custa.

Cormoran Strike

Julian Ovenden

Se ele te parece familiar, provavelmente é porque estás habituado/a a vê-lo a lutar pelo amor da Lady Mary em Downton Abbey, como Blake. À primeira vista, parece ter um ar demasiado distinto e arrumadinho para ser o Cormoran, mas nada que a caracterização não resolva. E, por mais que eu tente encontrar um actor inglês que não seja particularmente bonito ou charmoso, essa missão é quase impossível (claro, Miss "crush on englishmen").

Robin Ellacot

Dominique McElligott

Só a vi a fazer papéis pequeninos, mas parece-me que seria uma boa aposta para a personagem de Robin, que consegue parecer irrelevante mas revela ser extremamente perspicaz e talhada para o trabalho.

Lula Landry

Rihanna

Eu sei que ela não é inglesa, mas a verdade é que a Lula nem sequer chega a falar no meio de toda esta história. A descrição feita no livro fez-me mesmo lembrar da Rihanna. E querem saber o mais engraçado? (continuem a ler)

Ciara Porter

Cara Delevingne

O mais engraçado é que ela e a Cara Delevingne, que eu imaginava a interpretar a Ciara Porter, até são amigas! Há uns dias, vi umas fotos delas no Instagram da Cara Delevingne e julguei, por um momento, que estava a projectar as imagens que tinha na minha mente para a realidade.

Evan Duffield

Jared Leto

Ok, eu sei que a fotografia já é antiga, mas consigo vê-lo mesmo a fazer este papel (que, ainda por cima, é pequeno) com a maior das facilidades. Namorado atormentado, também estrela, mas que, ao mesmo tempo, é suspeito? É quase demasiado fácil.

Charlotte Campbell

Emily Blunt

Corrijam-me se estiver errada, mas tenho a sensação que ela nem chegaria a aparecer em nenhuma cena, a não ser naquela altura em que esbarra com a Robin da primeira vez que ela vai ao escritório. Ainda assim, ela é mencionada tantas vezes que consigo imaginá-la a ser importante nos próximos livros, ou mesmo a aparecer nuns flashbacks, caso se tratasse mesmo de uma série ou filme.

Rochelle Onifade

Larissa Wilson

Uma vez mais, a caracterização teria um papel muito importante para pôr a Larissa Wilson com um aspecto descuidado. Mas, pelo que vi em Skins, acho que ela seria muito capaz de representar a rapariga de língua afiada mas simultaneamente vulnerável que é a Rochelle.

Deeby Mac

Drake

Rapper americano musculado e bem sucedido. Vários encaixavam no perfil, e nem vos sei explicar bem porque escolhi especificamente o Drake. Talvez tenha sido uma operação do meu sub-consciente, esta escolha.

Lady Yvette Landry Bristow

Vanessa Redgrave

A frágil mãe de Lula e John seria, provavelmente, um bocadinho mais nova, mas imagino-a bastante envelhecida pela doença. E, de qualquer modo, a Vanessa Redgrave ainda teria de fazer um esforço para ter um ar cansado e doente. Nunca deixou de ser bonita!

John Bristow

Ian Hart

Se calhar também deveria ser mais novo, mas muito sinceramente foi a primeira pessoa que me ocorreu.

Tony Bristow

Charles Dance

Seria esquisito ver o Charles Dance sem evocar o orgulho de ser um Lannister a cada cinco minutos? Talvez. Mas ganharíamos umas excelentes cenas de confronto.

E chega! Ainda faltam aqui algumas personagens importantes, acrescentem ou alterem a vosso gosto!
E boas leituras!

Uma Morte Súbita - O Regresso de J.K. Rowling

Ando a fazer justiça às minhas resoluções de ano novo!

Como algumas eram demasiado pessoais, achei melhor torná-las privadas. Não é o caso desta. Farta de estar sempre a proteger-me na desculpa de que tenho de ler muitos livros técnicos e que assim perco a motivação para ler romances, uma das minhas resoluções foi ler 20 livros até o ano acabar. Não sei se será uma meta muito realista, mas pelo menos que me sirva de incentivo para acabar com a maldita da preguiça.

E aqui está o "testemunho" do primeiro. Acho que comecei bem. =)

Já agora, se alguém desse lado tiver algum livro para me recomendar, ficarei grata em ouvir sugestões!





Os doze dias (antes) do Natal - 9º dia

E parece mentira que já só faltam três dias! Meu Deus, como o tempo voa.
Hoje é um livro que trago. É da fabulosa Sophia de Mello Breyner e chama-se mesmo "A Noite de Natal". Vale a pena uma, duas, três ou mais leituras, sem dúvida alguma. Uma visita só pela escrita mágica da Sophia nunca é suficiente!
[caption id="" align="aligncenter" width="575" caption="A Noite de Natal, de Sophia de Mello Breyner"][/caption]

Os doze dias (antes) do Natal - 3º dia

E cá estamos finalmente "back on track", que é como quem diz que lá consegui pôr os posts em dia para a partir de agora fazer as coisas aos bocadinhos, como é suposto serem feitas. Um post por dia até ao Natal, só com coisas boas, é esse o espírito!

O que se segue não é bem uma coisa evidentemente de Natal. Na verdade, é um excerto do "Harry Potter e os Talismãs da Morte" que... bem, acho que ele fala por si. É a primeira vez que o Harry regressa à casa onde viveu com os pais, que acaba por calhar exactamente na noite de Natal. Aqui fica um excerto daquilo que estou a falar.

"Com o coração a bater-lhe na garganta, Harry abriu os olhos. Encontravam-se, de mãos dadas, numa aziganha coberta de neve sob um céu azul-escuro onde começavam a cintilar debilmente as primeiras estrelas da noite. De ambos os lados do estreito caminho havia vivendas, em cujas janelas brilhavam decorações natalícias. Um pouco mais à frente, o clarão dourado de candeeiros de rua indicava o centro da vila.
(...) prosseguiram sem problemas, com o ar gélido a morder-lhes o rosto à medida que iam avançando pelas casas: qualquer delas podia ter sido aquela onde James e Lily haviam vivido em tempos, ou em que Bathilda vivia agora. Harry fitava as portas, os telhados cobertos de neve e os alpendres das entradas, perguntando-se se recordaria alguma delas, sabendo intimamente que tal era impossível, que tinha pouco mais de um ano quando deixara aquele lugar para sempre. Nem sequer tinha a certeza de poder ver a casa; não sabia o que acontecia quando morriam pessoas sujeitas a um Encantamento Fidelius. Depois, a azinhaga por onde caminhavam curvou para a esquerda e o centro da vila, uma pequena praça, surgiu diante deles.
Decorada a toda a volta com luzes coloridas, tinha no meio algo que parecia um memorial de guerra, parcialmente tapado por uma árvore de Natal fustigada pelo vento. Havia diversas lojas, uma estação de correios, um pub e uma pequena igreja cujos vitrais brilhavam como jóais do lado oposto da praça.
A neve ali era compacta: estava dura e escorregadia nos sítios que as pessoas tinham pisado o dia inteiro. Diante deles, os habitantes da vila cruzavam-se de um lado para o outro, as figuras brevemente iluminadas pelos candeeiros de rua. Ouviram fragmentos de risos e música pop quando a porta do pub se abriu e fechou; depois chegou-lhes o princípio de um cântico de Natal do interior da pequena igreja.
- Harry, acho que hoje é noite de Natal! - exclamou Hermione.
- É?
Perdera a conta à data; há semanas que não viam um jornal.
- Tenho a certeza de que sim. - afirmou Hermione, de olhos pregados na igreja. - Eles... eles estão ali, não é? A tua mãe e o teu pai? Vejo o cemitério lá por trás.
Harry sentiu um frémito de algo que era mais do que excitação: assemelhava-se, porventura, a medo. Agora que se achava tão perto, perguntava-se se, afinal, queria ver. Talvez Hermione soubesse como ele se sentia, porque lhe pegou na mão e assumiu pela primeira vez a liderança, puxando-o para diante. A meio da praça, contudo, estacou de súbito.
- Harry, olha!
Apontava para o memorial de guerra, que se transformara à passagem deles. Em vez de um obelisco coberto de nomes, havia agora um estátua de três pessoas: um homem de cabelo revolto e óculos, uma mulher de cabelo comprido e rosto doce e belo, e um bebé nos braços da mãe. A neve cobria-lhes as cabeças, quais barretes brancos e fofos.
Harry aproximou-se mais, fitando intensamente as caras dos pais. Nunca imaginara que existisse uma estátua... que estranho ver-se representado em pedra, um bebé feliz sem uma cicatriz na testa...
- 'Bora - disse ele, depois de a ter contemplado até à saciedade. Viraram-se de novo para a igreja. Ao atravessar a rua, Harry relanceou um olhar por cima do ombro; a estátua transformara-se outra vez no memorial.
Os cânticos subiram de tom à medida que se acercavam da igreja. Harry sentiu a garganta apertada; aquilo trazia-lhe recordações tão fortes de Hogwarts: Peeves gritando versões grosseiras de canções de Natal do interior de armaduras, as doze árvores de Natal do Salão Nobre, Dumbledore com um barrete que ganhara numa rifa, Ron com uma camisola tricotada à mão...
À entrada para o cemitério havia um portão; Hermione abriu-o o mais silenciosamente possível, e avançaram. De ambos os lados do caminho escorregadio que conduzia às portas da igreja a neve acumulara-se, espessa e intacta. Moveram-se através dela, deixando atrás de si sulcos enquanto rodeavam o edifício, mantendo-se nas sombras sob as janelas iluminadas.
Atrás da igreja, fila após fila de túmulos níveos emergiam de um manto azul claro salpicado de vermelho ofuscante, dourado e verde onde os reflexos dos vitrais tocavam no solo. Conservando a varinha bem apertada na mão dentro do bolso do casaco, Harry dirigiu-se à campa mais próxima.
(...)
A escuridão e o silêncio pareceram tornar-se, de repente, muito mais profundos. Olhou em volta, apreensivo, pesando em Dementors, e depois percebeu que os cânticos de Natal haviam cessado, e que a tagarelice e a agitação das pessoas que saíam da igreja se iam desvanecendo à medida que regressavam à praça. Alguém acabava de apagar as luzes no interior da igreja.
- Harry, eles estão aqui... aqui mesmo.
E Harry percebeu, pelo tom de voz dela, que desta vez se tratava da sua mãe e do seu pai; avançou nessa direcção, sentindo-se como se algo muito pesado lhe estivesse a comprimir o peito, a mesma sensação que experimentara logo após a morte de Dumbledore, uma mágoa que realmente lhe pesara no coração e nos pulmões.
A pedra tumular (...) era de mármore branco, tal como a de Dumbledore, o que facilitava a leitura, pois parecia brilhar no escuro. Harry não precisou de se ajoelhar nem sequer de se aproximar muito pra distinguir as palavras nela gravadas.


James Potter, nascido a 27 de Março 1960, falecido a 31 de Outubro 1981
Lily Potter, nascida a 30 de Janeiro 1960, falecida a 31 de Outubro 1981

O último inimigo que será destruído é a morte.



Harry leu as palavras lentamente, como se tivesse apenas uma oportunidade de assimilar o seu significado, e ao chegar às últimas, leu-as em voz alta.
- "O último inimigo que será destruído é a morte"... - Ocorreu-lhe um pensamento horrível, e com ele uma espécie de pânico. - Isto não é uma ideia própria de Devorador da Morte? Por que está istlo aqui?
- Não significa derrotar a morte da maneira que os Devoradores da Morte o entendem, Harry - disse Hermione em voz doce. - Significa... percebes... viver para além da morte. Viver depois da morte"

Morreste-me, de José Luís Peixoto

Quetzal Editores, Lisboa, Maio 2000; revisão de Pedro Ernesto Ferreira


Li este pequeno livro no princípio de uma tarde, ao sol pálido do Inverno na minha ilha, no meu pequenino jardim, todo de uma vez só, com o privilégio do silêncio com que fui brindada, coisa rara. Foi-me recomendado por uma amiga, a Inês, que ressalvou sobretudo a qualidade da escrita do autor e a profundidade do assunto tratado. De facto, não nos enganemos pela nota "Ficção" abaixo do título. José Luís Peixoto abre-nos as portas neste livro a uma narrativa muito pessoal e emotiva que dificilmente nos deixa indiferentes, sobretudo aqueles que já experienciaram a partida de um familiar próximo ou amigo. Semi prosa, semi poesia, esta é uma leitura que põe os sentimentos a nu em folhas de papel e constituída por palavras cuidadosamente escolhidas, cada uma com o seu peso especial.

A sensação com que fico é a de querer aproveitar cada momento que vivo com aqueles que amo e guardar aqueles que passaram como tesouros raros e impagáveis. Mais que isso, trouxe-me uma certa nostalgia de infância, das brincadeiras com os meus pais e avós e do quão seguras as coisas pareciam na altura, até a vida avisar que o mundo não é cor-de-rosa. É, sem dúvida, uma homenagem muito profunda a José João Serrano Peixoto, com uma mensagem inevitável de esperança sem certezas nem medidas.
"Como eu, esperavam; não a morte, que nós (...) fechamos-lhe sempre os olhos na esperança pálida de que, se não a virmos, ela não nos verá."

O Monte dos Vendavais, de Emily Brontë

"O Monte dos Vendavais é uma das grandes obras-primas da literatura inglesa. Único romance escrito por Emily Brontë, é a narrativa poderosa e tragicamente bela da paixão de Heathcliff e Catherine Earnshaw, de um amor tempestuoso e quase demoníaco que acabará por afectar as vidas de todos aqueles que os rodeiam como uma maldição. Adoptado em criança pelo patriarca da família Earnshaw, o senhor do Monte dos Vendavais, Heathcliff é ostracizado por Hindley, o filho legítimo e levado a acreditar que Catherine, a irmã dele, não corresponde à intensidade dos seus sentimentos. Abandona assim o Monte dos Vendavais para regressar anos mais tarde disposto a levar a cabo a mais tenebrosa vingança. Magistral na construção da trama narrativa, na singularidade e força das personagens, na grandeza poética da sua visão, nodoso e agreste como a raiz da urze que cobre as charnecas de Yorkshire, O Monte dos Vendavais reveste-se da intemporalidade inerente à grande leitura."



Editorial Presença, Lisboa, Outubro 2009; tradução de Fernanda Pinto Rodrigues


Este foi o último livro que li em 2009, embora o tenha terminado em 2010. Com a leitura encaixada em tardes chuvosas, passadas à lareira, e um vendaval real a atormentar os Açores, fui-me envolvendo cada vez mais na história que, a princípio, interpretei em modos muito simples, demasiado superficiais. Revoltei-me, a princípio, com o temperamento tão difícil das personagens, que não me despertava compaixão alguma, mas rapidamente me envolvi nos relatos pormenorizados de Ellen e comecei a juntar as peças do puzzle que nos é apresentado já feito nos capítulos iniciais. A motivação para me dedicar a esta leitura surgiu após ter lido um outro livro, o Eclipse, de Stephenie Meyer, onde as referências a esta obra se multiplicam. Achei curioso que, apesar de histórias tão distintas, uma ajude a compreender a outra, ou pelo menos determinados comportamentos de personagens. Refiro-me ao complicado amor que une Catherine Earnshaw e Heathcliff e lhes tira grande parte da racionalidade. A inevitabilidade que este implica, a impossibilidade de fuga, ajuda, sem dúvida, a entender o próprio amor da Bella e do Edward, tão louco e inevitável quanto este, e a  sua própria índole altruísta. Catherine e Heathcliff, por mais impertinentes e egoístas que por vezes parecessem, tornaram bem claro que dariam tudo para que o outro estivesse bem e feliz. Não tive oportunidade de confirmar se é esta a passagem que Meyer inclui em Eclipse, mas há uma parte, em que Heathcliff distingue o amor que ele tem por Catherine do amor que Linton tem por ela, dizendo que, estivesse ele no seu lugar e soubesse que vê-lo a fazia feliz, o permitiria, que me faz lembrar os pensamentos de Edward em relação a Jacob.

Confesso-me surpreendida por ter gostado tanto deste livro, com um final agridoce que nos deixa simultaneamente uma sensação de esperança e estranha paz interior perante amores tão desesperados e imperfeitos mas, acima de tudo, autênticos.
"(...) a traição e a violência são lanças aguçadas de ambos os lados: ferem mais gravemente aqueles que recorrem a elas do que os seus inimigos."